Categoria: Artigos
01/01/2025 Por: Padre Cícero José da Silva
Queridos paroquianos,
Queridos romeiros e devotos da Mãe das Dores e do Padre Cícero Romão,
“Maria guardava todos estes fatos e meditava sobre eles em seu coração” (Lc 2,19).
Como família de fé, estamos reunidos aqui, ao redor da mesa da Palavra e da Eucaristia, para entregar a Deus, pelas mãos de Nossa Senhora, Mãe das Dores e também da Esperança, o ano que está terminando. Ao mesmo tempo, confiamos a Ela o ano que começa, pedindo sua intercessão e proteção.
Hoje, celebramos, junto com toda a Igreja, a Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus. Nas Sagradas Escrituras, Maria nos é apresentada como uma discípula fiel e um modelo de fé. Nesta noite especial, gostaria de refletir com vocês, em sintonia com o Ano Santo de 2025, sobre como Maria nos ensina a ser peregrinos nesta vida, sem perder a esperança.
No Evangelho que acabamos de ouvir, São Lucas nos conta que, diante da agitação dos pastores, que maravilhados com a notícia do nascimento de Jesus, começaram a espalhá-la, “Maria guardava todos estes fatos e meditava sobre eles em seu coração” (Cf. Lc 2,19). Essa atitude de Maria é, ao mesmo tempo, humilde e de grande profundidade espiritual.
O Papa Francisco, refletindo sobre a mesma passagem do Evangelho, nos diz que esse silêncio é de "escuta" e "reflexão". Na anunciação, por exemplo, Maria escutou as palavras do Anjo – “Eis que conceberás e darás à luz a Filho” (Cf. Lc 26, 31) – mas em seguida refletiu: "Como acontecerá isso, se eu não conheço homem algum?" (Cf. Lc 26, 34). Porém, mesmo sem compreender o significado daquela revelação – "O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra” (Cf. Lc 26, 35) – Ela entendeu que Deus tinha um plano maior e que poderia confiar nisso.
Maria, entretanto, não teve uma vida tranquila depois da visita do Anjo, conforme nos contam as leituras dos últimos dias. Ela ficou grávida antes do casamento e quase foi abandonada por seu noivo José. E quando estava prestes a dar à luz precisou fazer uma viagem longa e difícil, sem ter um lugar fixo para ficar. Mesmo assim, não perdeu a esperança nem desanimou. Meditava e guardava tudo em seu coração. E, ao fazer isso, nos ensina como nós também devemos agir.
Quantas vezes passamos por dificuldades, momentos de tristeza ou situações que parecem não ter solução? Como romeiros e romeiras em nossa caminhada de fé, não entendemos o porquê de tantas coisas. Maria nos ensina, então, a ouvir atentamente a voz de Deus e a responder com humildade e fé, aceitando sua vontade. Mesmo sem ter as respostas, podemos ter certeza de que Deus está no comando de tudo.
Assim, meus irmãos e irmãs, ao celebrarmos a Solenidade de Maria, Mãe de Deus, somos chamados a seguir seu exemplo. Com humildade e fé, Maria não tentou entender tudo de uma vez. Ela viveu cada momento com confiança, mesmo nos momentos mais difíceis. Quando o sofrimento parecia insuportável, Ela se manteve firme na fé e na confiança que havia depositado em Deus, através do Anjo: “Eis aqui a Serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua Palavra” (Cf. Lc 1, 38)”.
O Padre Cícero Romão também enfrentou muitas dificuldades, mas nunca perdeu a fé e continuou o seu serviço pastoral ajudando e aconselhando quem o procurava, principalmente os pobres e necessitados. Essa capacidade de se adaptar às situações adversas é o que nós chamamos de resiliência, ou seja, a capacidade de manter a esperança em meio às dificuldades, de lidar com elas de maneira sábia, aprendendo com as experiências.
Neste início de ano, somos convidados a refletir sobre os acontecimentos da nossa vida em oração e entrega a Deus. Vivemos em um mundo rodeado de barulho e distração. Por isso, precisamos aprender a silenciar o nosso coração e a nossa mente para ouvir melhor a voz de Deus, para viver com mais profundidade a nossa fé. Somos chamados a continuar nossa peregrinação com coragem, na certeza de que Maria, nossa Mãe, também está ao nosso lado, ao pé da nossa cruz de cada dia, especialmente nos momentos mais difíceis.
O ano que se aproxima nos é proposto pela Igreja como um tempo especial de graça, de perdão e de renovação espiritual. Que possamos, então, renovar nossa confiança em Deus, entregando aos cuidados d’Ele a nossa vida, as nossas casas, as nossas famílias, o nosso trabalho. Que, olhando para Maria, possamos pedir sua ajuda para sermos peregrinos de esperança manifestando a presença de Cristo em nossas palavras e ações. Amém.
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