Categoria: Artigos
16/04/2025 Por: Pe. Cícero José da Silva
No itinerário penitencial e orante da Semana Santa, chegamos à quarta-feira, conhecida popularmente como Quarta-feira de Trevas. Em muitas igrejas no mundo, inclusive na Casa da Mãe das Dores, é comum rezarmos neste dia um conjunto de leituras e salmodias organizadas de modo que nos levam a contemplar o mistério salvífico de um “Deus que fez nascer a redenção do próprio lenho da morte”.
Para compreender essa catequese sobre o Ofício de Trevas, voltemos inicialmente o nosso olhar ao Evangelho de São João, quando já no primeiro capítulo nos apresenta a criação e a grande misericórdia divina refletida em Jesus Cristo ao dizer: “No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele, estava a vida e a VIDA era a LUZ dos homens; e a LUZ resplandeceu nas TREVAS, e as trevas não a compreenderam. Ali estava a luz verdadeira, que ilumina todo o homem que vem ao mundo”. (João 1,1-9).
Dessa forma, ao rezarmos o Ofício de Trevas não fixamos os nossos olhos na escuridão, mas nutrimos a plena certeza de que “Deus nos chama das trevas a Sua Luz” (1 Pedro 2,9) e como Pai Clemente quer partilhar o festim real reservado para aqueles que se unem a Ele em Sua dolorosa Paixão.
No rito, o tenebrário (grande candelabro) inicia com 15 velas acesas que vão sendo apagadas conforme o avanço das leituras e hinos. A penumbra que aos poucos toma conta do templo também nos recorda a escuridão que envolve o mundo diante da proximidade da condenação e morte do Senhor e; ao mesmo tempo, nos convida a uma contemplação silenciosa, dolorida, mas jamais desesperançosa.
É importante lembrar também que ao final do ofício uma das velas permanece acesa, lembrando aos cristãos que mesmo em meio as noites mais escuras da fé, precisamos continuar cantando com confiança tal qual o Salmista: “O Senhor é Luz e Salvação, que poderemos temer?” (Salmo 27)
Queridos irmãos, queridas irmãs, por fim exorto-vos para que vivamos com piedade estes santos dias, a fim de chegarmos ao final dessa jornada exclamando em alta voz que “a terra está inundada por grande claridade, porque a Luz de Cristo, o Rei eterno, dissipou as trevas de todo o mundo” (Precônio Pascal) por meio da sua gloriosa ressurreição.
Padre Cícero José da Silva
Reitor da Basílica de Nossa Senhora das Dores
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