Categoria: Artigos
15/01/2025 Por: Pe. Cícero José
MISSA EM AÇÃO DE GRAÇAS AO JUBILEU DE OURO
PADRE CÍCERO JOSÉ DA SILVA
“Só por eles me consagro”
Queridos irmãos no sacerdócio,
amada comunidade paroquial,
romeiros e romeiras da Mãe das Dores e do Padre Cícero Romão
Como nos ensinou o Padre Cícero Romão, “a gratidão é uma virtude que vem do Céu". Hoje, neste altar da Mãe das Dores, elevo a Deus a minha ação de graças pelo dom da vida, agradecendo a todos que fizeram – e fazem – parte dela. Sou natural de Cabaceiras, município Brejo Santo, a 63 km de Juazeiro do Norte, aproximadamente. Venho de uma família de agricultores que sempre seguiu os princípios cristãos, ensinando aos filhos a fazerem o mesmo: colocar Deus em primeiro lugar.
Participando de grupos de jovens, fui me aproximando mais do Evangelho e me engajei especialmente junto aos Franciscanos. O desejo de servir a Deus foi crescendo dentro de mim, embora eu ignorasse inicialmente. Após viver experiências como qualquer jovem — estudar, trabalhar e namorar — percebi que minha verdadeira vocação estava no sacerdócio. Aos 26 anos, disse aos meus pais: “Quero ser padre”. E em 2002, deixei meu lar para abraçar essa missão.
Confiei sempre em Deus e, mesmo nos dias mais difíceis, olhar para o crucificado me trouxe alívio e força. Hoje, costumo dizer aos jovens que têm esse mesmo desejo no coração: “Vocação acertada, vida feliz". Como nos ensina São Paulo, Aquele que nos chamou é fiel e realiza aquilo que prometeu (Cf. 1 Ts 5, 24).
Agradeço a Deus, que me chamou para a vocação sacerdotal. Agradeço aos meus pais, seu José Inácio e dona Nita, que me incentivaram a participar da vida comunitária e me ensinaram os valores do Evangelho através do exemplo cotidiano. Também agradeço aos meus irmãos e demais familiares, que estão aqui presentes ou em sintonia de oração, através da TV Mãe das Dores.
Aproveito para agradecer aos bispos que marcaram essa minha caminhada formativa e sacerdotal: Dom Fernando Panico, Dom Gilberto Pastana e Dom Magnus Henrique, em nome dos quais abraço os bispos romeiros e amigos, que nos visitam e celebram conosco no altar da Mãe das Dores. Agradeço também aos irmãos que caminharam comigo no seminário e aos padres da nossa diocese, especialmente àqueles que somam forças na pastoral da Basílica Nossa Senhora das Dores. Seguimos firmes na missão de cuidar do povo, unidos em oração e trabalho. A cada um e a todos, minha sincera gratidão pelo apoio e companheirismo.
Ao refletir, no coração e na oração, sobre estes meus cinquenta anos de vida, doze deles dedicados ao serviço do sacerdócio, recordo de uma frase que sempre me acompanha: “Só por eles me consagro". A resposta que dei ao chamado de Deus não foi apenas pessoal, foi um compromisso, um juramento, para estar presente onde Ele me enviasse.
O sacerdote consagra a sua vida a Deus para ser presença orante, cuidado e escuta no meio do povo. Consagrar a vida é, acima de tudo, um ato de coragem, amor e desprendimento. São Paulo nos lembra, e nos adverte: “Já não sou eu quem vive, mas Cristo que vive em mim" (Cf. Gálatas 2, 20). Não se trata, portanto, de uma escolha isolada. Quando nos consagramos, manifestamos diante de Deus e da comunidade que a vida não é mais nossa; é para o outro, para o povo, para todos aqueles com os quais compartilharemos o Evangelho e a missão de Cristo. Assim, a vida do sacerdote se torna um contínuo ato de doação, um serviço que não deve buscar reconhecimento pessoal, mas que se fundamenta no cuidado espiritual e pastoral do povo, como nos ensinou também o Padre Cícero Romão Batista.
Olhando para estes meus cinquenta anos de vida, recordo também São Francisco de Assis, por quem tenho particular devoção. Ele disse: “Vamos começar de novo, irmãos, pois até agora pouco ou nada fizemos”. Essa consciência de não se orgulhar do que já foi feito, mas de reconhecer as limitações e recomeçar é mais uma das demonstrações da humildade de São Francisco, na qual tento basear a minha vida e missão. A nossa existência, o trabalho que realizamos é esse processo contínuo de conversão, de aprendizado, de crescimento espiritual e, principalmente, um convite constante à reflexão sobre o quanto ainda se pode melhorar na vida espiritual e comunitária, na caminhada pastoral no cuidado com os outros e no testemunho cotidiano do Evangelho.
Tudo isso oferto hoje a Deus, no sacrifício da Santa Missa, agradecendo aos que passaram pela minha vida, que me ajudaram e continuam a me ajudar a vivê-la através do sacerdócio. Minha gratidão a todos pelo “sim” de cada dia, pelo espírito de comunhão fraterna e pela disponibilidade em estar conosco – e aqui falo também em nome da Comunidade Sacerdotal da Casa da Mãe das Dores. Essa proximidade é muito importante para nós e para o serviço que desempenhamos. Que Deus os abençoe e os confirme ainda mais nessa boa vontade do coração. Vamos em frente, com força e coragem. Com Deus no comando, juntos somos mais fortes. E como o Papa Francisco sempre pede, rezem por mim!
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