Ofício de Trevas: Basílica Nossa Senhora das Dores celebra antiga tradição da Semana Santa
Categoria: Basílica
27/03/2024 Por: Nayane Moreira - Jornalista
Nesta quarta-feira (27), paroquianos e romeiros participaram na Basílica Santuário Nossa Senhora das Dores, em Juazeiro do Norte - CE, de uma antiga tradição que atravessou os séculos e ainda hoje permanece viva como parte da programação da Semana Santa em muitas paróquias ao redor do mundo: o Ofício de Trevas.
Às 19h, os padres que formam à fraternidade sacerdotal da Casa da Mãe das Dores seguiram pelo corredor central em uma procissão quase silenciosa, acompanhada apenas pela melodia instrumental emitida pelo teclado. O tenebrário, espécie de candelabro com espaço para 15 velas, ocupava lugar de destaque no presbitério. Foram as luzes artificiais e as chamas dessas velas que iam sendo apagadas em pares a medida que as leituras, hinos e salmos eram proclamados.
Ao final do ofício, a igreja estava na total escuridão, lembrete da ação de um “Deus que desce a mansão dos mortos, mas lá não permanece, porque ressuscita verdadeiramente”, como explica o reitor da Basílica, Padre Cícero José.
O Ofício de Trevas é a conjugação de duas horas canônicas - divisões elaboradas pelo cristianismo para a realização das orações diárias da Liturgia das Horas. A melodia penitencial dos hinos e salmos proclamados é uma forma propícia de adentrar à reflexão sobre o sacrifício salvífico de Cristo que será celebrado no Tríduo Pascal. “Este ofício, de modo especial na Semana Santa, nos dá a oportunidade de meditar a Palavra de Deus e os mistério da Salvação que lá estão e pelos quais Cristo nos remiu. Ao longo da história, os salmos foram sempre cantados, a fim de fazê-los ressoar nas ‘moradas terrenas’, como diz Paulo VI, ‘aquele canto que ressoa no céu’”, ensina o Padre Filipe Gonçalves, vigário paroquial da Basílica de Nossa Senhora das Dores e responsável pela liturgia.
Saiba mais
Não é possível precisar uma data de criação para o Ofício de Trevas, mas acredita-se que seja datada da época medieval. Antes do Concílio Vaticano II, acontecido no período de 1962 a 1965, a celebração fazia parte da programação oficial da Semana Santa, depois dele, no entanto, passou a ser facultativa.